Ansiedade e depressão crescem entre a comunidade LGBTQIA+ na pandemia
O impacto do isolamento devido à pandemia do novo coronavírus, afetou principalmente a comunidade
LGBT, os problemas de saúde mental cresceram em grande quantidade,
principalmente a ansiedade e depressão, muitas vezes podendo levar essas
pessoas ao suicídio.
Uma pesquisa realizada
pelo coletivo #VoteLGBT, abordou alguns conceitos como saúde, renda, acesso à
informação, e atuação de gestores públicos durante a pandemia. Participaram
anonimamente 10.065 pessoas.
Os resultados encontrados com a pesquisa
revelaram que 44% das lésbicas, 34% dos gays, 47% dos bissexuais, 42% das
transexuais, participaram da pesquisa. Já 21,6% do mesmo grupo informou estar
desempregado, sendo que a taxa de desemprego no Brasil durante o primeiro
trimestre de 2020 foi de 12,2% de acordo com o IBGE.
“Várias
questões explicam a dificuldade de a nossa comunidade se inserir no mercado de
trabalho. Há preconceito contra ela, então a dificuldade de acesso é maior. Por
isso o aumento da taxa”, citou a demógrafa Fernanda De Lena, uma das
coordenadoras da pesquisa e também uma das integrantes do #VOTELGBT.
O mesmo coletivo comparou a taxa de desemprego durante a pandemia, a uma pesquisa realizada na última Parada LGBT. “Naquela época, a taxa já era alta, de 15,6%”, continua Fernanda. Para ela, o agravamento da questão da saúde mental na comunidade é premente. “Existem várias pesquisas sobre isso. A Organização Mundial da Saúde (OMS) já chamou a atenção para que deve ser dada uma importância maior para o fato. ”
Os resultados finais da pesquisa declararam que 28% dos entrevistados já chegou a ter um quadro clinico comprovado de depressão, sendo uma grande marca muito maior que a registrada entre toda a população Brasileira.
“Por causa do preconceito, do medo da violência, muitas pessoas que fazem parte da comunidade LGBT vivem em alerta, com cautela, o que já as deixam vulneráveis à depressão, à ansiedade. Uma outra situação é que com o isolamento social, pessoas que vivem em casas onde há relações conflituosas sofrem muito mais”, disse o pesquisador e demógrafo da UFMG, Samuel Silva." Citou um dos coordenadores da pesquisa.
Entre os principais problemas citados, o convívio familiar e um que mais se destaca neste meio, sendo apontado por 10% dos participantes envolvidos. Segundo a Associação Americana De Psiquiatria, a maioria dos membros dessa comunidade estão mais suscetíveis a desenvolverem algum distúrbio.
O que mais torna a situação difícil e que muitos deles acabam
sofrendo violência dentro de suas próprias casas, vale ressaltar que não há uma
lei na legislação que seja destinada à comunidade LGBT, colocando o Brasil como
um dos principais países onde morrem pessoas dessa comunidade, sendo a maioria
delas mortas por seus parentes.
No meio de tudo isso ainda tem aqueles que conseguem ter
resistência, ou seja, os que lutam pela diversidade sexual, de gênero, de realmente
ser quem são! O movimento não é apenas glitter e bandeiras, mas sim a
representatividade e a luta pelos direitos como um cidadão comum.
O presidente
da ONG Grupo Gay da Bahia, Marcelo Cerqueira diz: “Não poderemos ir às ruas
neste dia 28, o único em toda a história do movimento. E retornamos para a
família, com quem, muitas vezes, há uma relação difícil. Se, por um lado, é um
elo importante, muitos precisam cortá-lo para sobreviver. Recebemos depoimentos
de conflitos do Brasil inteiro, e esperamos poder refletir sobre a tolerância e
a possibilidade da convivência familiar harmônica. Que seja um dia para as
famílias refletirem sobre a importância de apoiar as decisões dos seus filhos homossexuais.”
Esses números aumentam a cada semana, cada vez mais pessoas têm que sair
de casa por conta do preconceito, muitas das vezes acabam sofrendo violência
física e psicológica, porem a comunidade LGBT vem adquirindo mais força, desde
o dia da primeira parada muitos direitos foram conquistados, e cada vez mais
ganhara espaço e leis que os ampare.