Foto: Pixabay Segundo
o Washington Post, nos Estados Unidos, um canal de emergência oferecido pelo
governo para pessoas com sofrimento emocional registrou um aumento de 1.000%
nas ocorrências em abril em comparação com o mesmo mês do ano passado. Um
levantamento realizado na China, quando a pandemia estava no início, mostrou
que 13,8% das pessoas passaram a manifestar sintomas leves de depressão, 12,2%
apresentaram sintomas moderados e 4,3% graves.
Um
estudo realizado pela Unicamp mostra que 17% dos brasileiros pensaram em dar um
fim à própria vida, em algum momento, e desses, 4,8% até elaboraram um plano
para isso. As razões podem ser diversas, mas em muitos casos, é possível evitar
que esses pensamentos suicidas sigam adiante.
De
acordo com Francis Fujii, diretor médico do Samu (Serviço de Atendimento Móvel
de Urguência), a pandemia de coronavírus fez com que o atendimento a casos de suicídio
e de tentativa de suicídio aumentasse. Mesmo que um crescimento de casos já
fosse esperado, a situação é preocupante. O risco de suicídio em uma sociedade
sob estresse atinge todas as pessoas, de todas as classes sociais.
Uma análise que foi ao ar em abril, pelo
Journal Of The American Medical Association – Psychiatry, dos Estados Unidos,
aponta situações que podem aumentar o risco de suicídio. O estresse econômico,
a incerteza sobre a própria subsistência, a solidão, o distanciamento social e
a ansiedade diante da doença estão entre eles. Situações de violência
doméstica, que tiveram um número maior de casos devido ao período de isolamento
social, o luto por perder alguém amado, o consumo de álcool, ou até mesmo
pacientes que apresentam transtornos mentais podem fazer os números se
agravarem.
Especialistas
lembram, porém, que o distanciamento físico não significa que é necessário
manter o silêncio. Ainda mais na era dos aplicativos. A conexão social pode ser
mantida através de vários meios: telefone, aplicativos de vídeo. Existem também
as teleconferências, onde profissionais de saúde mental podem acompanhar o
paciente.
Foto por Marcelo Camargo (Agência Brasil) Um estudo publicado pela revista
científica britânica The Lancet, em 2018, mostrou que 13,5 milhões de vidas
poderiam ser salvas por ano se houvessem aprimoramentos nas políticas de saúde
mental. “Temos pouca informação sobre os efeitos de pandemias anteriores na
saúde mental, porque as pesquisas estavam concentradas nos temas econômicos,
sociais, antropológicos, e no tratamento da doença”, afirma o médico e
pesquisador peruano Jeff Huarcaya-Victoria, “Mas sabemos que os altos níveis de
contágio, com milhares de mortes, e notícias frequentes de falta de
equipamentos e leitos nos hospitais, somados, podem provocar vários danos, como
ansiedade, stress e depressão”, ele completa.
Setembro
é o mês de prevenção ao suicídio. O “setembro Amarelo” é uma campanha de
conscientização sobre a prevenção do suicídio. Segundo o site oficial da
campanha, “a ideia é pintar, iluminar e estampar o amarelo nas mais diversas
resoluções, garantindo mais visibilidade à causa”.
Foto retirada do blog Conexa Saúde A
campanha preza por serviços como o Centro de Valorização da Vida (CVV), uma
organização com cerca de 4 mil voluntários que presta apoio emocional e atua na
prevenção ao suicídio. Ele atende pessoas que precisem conversar. É gratuito, e
funciona 24 horas, com garantia de sigilo. Basta ligar para o número
188, utilizar o chat da rede, ou ir pessoalmente. Adriana Rizzo, voluntária e
porta-voz da organização afirma: “Uma das principais queixas das pessoas que
nos procuram, independente da época da pandemia, é que estavam cercadas de
outras pessoas, mas se sentiam sozinhas. Procurar ajuda de alguém agora
é mais relevante ainda, porque as pessoas podem estar efetivamente sozinhas”.
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