Escassez de medicamentos impede a abertura de novos leitos
Por Marina Reis
Conselho
Nacional da Saúde alertou sobre risco do cancelamento da compra de medicamentos.
Atualmente hospitais por todo país estão
quase na capacidade máxima, com alta demanda de pacientes nas unidades de
terapia intensiva (UTIs), estão faltando medicamentos básicos como analgésicos,
sedativos e bloqueadores neuromusculares, sem eles não tem como socorrer
pacientes graves, pois são essenciais para instalar o tubo de oxigênio.
O Ministério da Saúde cancelou a compra de
medicamentos que compõe o chamado kit intubação em agosto do ano passado, no
documento divulgado pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS) diz que poderia haver
um desabastecimento, é o que está acontecendo agora, os estoques não são o
suficiente para a rede pública e nem para rede privada.
No documento está escrito “Considerando
que em 12 de agosto de 2020 a operação Uruguai II executada pelo Ministério da
Saúde para a aquisição de medicamentos do kit intubação foi cancelada, sem que
seus motivos fossem esclarecidos”. Outro trecho diz "O
desabastecimento desses medicamentos coloca em risco toda a estrutura planejada
para o atendimento de saúde durante a pandemia do novo coronavírus, pois, mesmo
com leitos disponíveis, sem esses medicamentos não é possível realizar o
procedimento, podendo levar todo o sistema de saúde ao colapso”.
A Confederação Nacional dos Municípios
(CNM) apontou que mais de 1.300 municípios podem ficar sem medicamentos para
intubação nos próximos dias, o Fórum Nacional de Governadores havia alertado
que esses medicamentos já estavam escassos em 18 estados, dizem que é “um
colapso dentro de um colapso”. Recentemente o governo federal se reuniu com
representantes da indústria farmacêutica para resolver esse desabastecimento.
A Associação Nacional de Hospitais
Privados (ANAHP), que é composta por 118 membros, incluindo hospitais No do
país, alertou o governo federal sobre a falta do kit intubação, afirmou que tem
o suficiente para mais três, no máximo quatro dias. Os hospitais privados de
São Paulo planejam uma compra coletiva do kit para conseguirem atender os
pacientes graves de covid-19.
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária
(Anvisa) divulgou quatro medidas para evitar o desabastecimento de medicamentos
e insumos, entre elas a simplificação do processo de importação de dispositivos
médicos e medicamentos prioritários usados na área da saúde, mesmo ainda não
regularizados no país.
A escassez de medicamentos e insumos
impede a abertura de novos leitos, se os estoques não forem repostos leitos de
unidades de terapia intensiva podem ser fechados. Também há falta de profissionais qualificados para
trabalharem nas UTIs, àqueles que têm experiência já estão trabalhando,
alguns casos em mais de um emprego, devido a necessidade dos hospitais.
Enfermeiros
de São Paulo relatam que por falta de medicamentos, pacientes retomam a
consciência durante o processo de intubação, notam o tubo de oxigênio dentro da
boca e se espantam, alguns tentam retirar o equipamento sozinhos e machucam a
faringe, outros tentam pedir ajuda para os profissionais.