Como está o lixo orgânico brasileiro durante a pandemia?
A pandemia no Brasil
ocasionou muitas mudanças de hábitos e relações de consumo. Gilberto Natalini,
médico e vereador paulistano, afirma que a coleta seletiva em São Paulo é bem
enraizada, porém sem espaço.
O lixo orgânico, de
acordo com a Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Públicas e Resíduos
Especiais (ABRELPE), aumentou de 15% a 25% somente nos resíduos residenciais em
comparação ao mesmo período do ano passado.
No programa Gente que
fala, o vereador Gilberto Natalini afirma que a coleta do estado de São Paulo é
mais organizada do que em outros estados brasileiros. Ainda assim, possui um
déficit, tendo em vista a falta de espaços para aterros.
O delivery, entrega de
produtos normalmente na casa ou no trabalho do cliente, entra em destaque,
principalmente o de alimentos. O sistema de entrega de comida foi fortemente
adotado no Brasil e bem desenvolvido neste período. Não apenas auxiliou a
população a ficar em casa, como também foi uma alternativa para os
estabelecimentos continuarem vendendo e lucrando durante o período de
isolamento social. Isto auxiliou no crescente aumento do lixo orgânico.
Em relação ao descarte, a
matéria orgânica dispõe de uma maior maleabilidade de uso em comparação aos
resíduos inorgânicos (plásticos metais e vidros). A compostagem é um ato de
reciclagem dos resíduos orgânicos em adubo. Trata-se de um processo biológico
que acelera a decomposição do material orgânico. A compostagem recupera maior
parte dos nutrientes e os retorna ao ciclo natural, o que enriquece o solo
tanto para a agricultura quanto para a jardinagem.
Figura 1: Encarte do Projeto "Composta São Paulo"
O Movimento “Composta São
Paulo” foi um projeto governamental realizado pelo município de São Paulo, em
2014. O Composta São Paulo selecionou 2 mil domicílios de diversos perfis para
receber uma composteira doméstica e participar de oficinas de compostagem e
plantio.
O vereador Gilberto
Natalini afirma que apenas 0,51% do lixo orgânico de São Paulo vai para a
compostagem, e que os projetos criados pela prefeitura na maioria de suas vezes
não têm continuidade sucesso, devido à falta de investimento e interesse do
poder público. Ele por sua vez é um praticamente da compostagem, em entrevista
declarou: "Eu tenho um
minhocário, comprei por conta própria para fazer a compostagem. Aqui na minha
casa a gente não coloca resto de comida no lixo, fazemos tudo na quantidade
certa para não sobrar, e o restante levamos para as galinhas no sítio do meu
cunhado". O parlamentar ainda diz que desconhece qualquer ação de
divulgação dos projetos de compostagem na pandemia.
Foto: Gilberto Natalini
Rafael Vinícius de Lima
Soares, engenheiro eletrônico que participou do projeto “Composta São Paulo”,
dividiu suas experiências com compostagem, “no programa em questão, participantes que se inscreveram, ganharam uma
composteira — objeto onde se realiza a compostagem caseira— e palestras sobre o
tratamento e cuidados do húmus. Na palestra, foram comentados os benefícios da
compostagem e a questão do lixo em si. ”
Rafael continua fazendo a
compostagem até hoje e mesmo com a prática, ele afirma ter aumentado sua
produção de lixo na pandemia, tendo em vista que, em períodos maiores em casa,
a geração de lixo é muito maior.