Pandemia traz em pauta possíveis soluções para moradores da Cracolândia
Em entrevista coletiva aos estudantes do Projeto
Repórter do Futuro na segunda-feira (08/06), a vereadora da Câmara Municipal de
São Paulo, Soninha Francine, ressaltou a criação de espaços seguros e limpos
como oferta de solução para a população da Cracolândia.
Localizada no bairro Campos Elíseos, na região
central da capital, a Cracolândia é uma região problemática que permeia há
décadas. Com o crescente avanço do coronavírus pela capital, o distanciamento
social ainda se apresenta como a melhor forma de prevenção, porém a medida não
foi adotada no local, trazendo consigo, problemas como aglomerações de pessoas
e o tráfico de drogas.
O Ministério Público fez um pedido de evacuação da
área, mas foi negado pela Justiça de São Paulo. De acordo com a vereadora
Soninha, é inviável evacuar a área, uma vez que a presença de conflitos e ações
violentas seriam iminentes, "É impossível esvaziar a Cracolândia sem que
hajam vítimas de bala e de estilhaços de bomba", afirmou Soninha.
A parlamentar luta e defende projetos de apoio a populações vulneráveis. Para os usuários e moradores de Campos Elíseos, Soninha aponta o desenvolvimento de locais higiênicos, confortáveis e dignos, ou até mesmo campings como forma de solução para o problema vigente. Tendo em vista que a maioria dos programas de assistência social não são de estadia fixa permanente, a vereadora destaca: "Eu criaria um espaço de convívio e acolhimento próximo ao fluxo, e se possível, onde as pessoas pudessem ir e ficar. E claro, o espaço teria assistente social, orientador socioeducativo, trabalhadores de limpeza e manutenção, e a possível presença de voluntários".
Ary Neto, morador de Campos Elíseos, publicitário e
criador do Portal São Paulo VIVA, é a favor do esvaziamento da Cracolândia em
seu bairro, pois segundo ele, somente com a ruptura do círculo vicioso
"Usuário-Drogas Traficante" é possível conseguir romper a ciranda de
destruição dessas pessoas que são abandonadas pelo próprio poder público.
"Apoio a Intervenção total desta região entre outras, para que ainda na
esperança de resgate destas pobres pessoas, se tenha a chance de um dia serem
pessoas normais e saudáveis na sociedade. "Escreveu ele quando questionado
sobre o problema.
A preocupação de retirar as pessoas da Cracolândia é
antiga, e cresceu com a chegada do vírus em questão, pois quem frequenta a
região, circula por outros pontos da cidade, tornando-se transmissores em
potencial.
Em meio ao caos que se encontra a região nessa
pandemia, os voluntários do Projeto "Juntos Somos Um Só", e do
Projeto "Da Pedra Para Rocha", têm feito entrega de cestas básicas e
kits de higiene e prevenção ao Covid19, aos moradores da área, muitos
desamparados devido ao fechamento e transferência de pontos de atendimento pelo
local. Segundo a Secretaria Municipal de Segurança Urbana de São Paulo, os agentes
que ainda prestam assistência médica ou social na localidade, são acompanhados
pela Guarda Civil metropolitana.
Em entrevista ao podcast “Acontece em SP”, o
secretário adjunto da SMADS Douglas Carneiro falou das ações inseridas no
município para as populações vulneráveis, como os moradores de rua. De acordo
com ele, os atendimentos dos serviços municipais já existentes aumentaram, além
de surgirem outras iniciativas emergenciais, como a instalação de pias em
locais públicos, lavanderias comunitárias no centro da Capital e a ampliação
dos núcleos de acolhimento.
Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) de São
Paulo, por meio da Interlocução Saúde Mental da Coordenadoria Regional de Saúde
(CRS) Centro, passou as informações de que na região da Luz, conhecida como
"Cracolândia", a equipe do Programa Redenção na Rua realiza
atendimentos de baixa e média complexidade, por meio de vínculos com o usuário e assistências
compartilhadas entre a rede de cuidado do centro de Apoio Psicossocial (CAPS),
Assistência Médica Ambulatorial (AMA), Unidade Básica de Saúde (UBS) e
Prontos-Socorros (PS), além da Secretaria Municipal de Assistência Social
(SMADS). A partir do primeiro contato, as demandas são acolhidas e,
posteriormente, encaminhadas para os pontos de atendimento da Rede de Atenção
Psicossocial (RAPS), integrada pelas 468 Unidades Básicas de Saúde (UBS).