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Buraco negro no centro da Via Láctea é fotografado

 Por Isabella Bandeira

Telescópio de Horizonte de Eventos divulga imagem de buraco negro supermassivo no centro da galáxia

Nesta quinta-feira (12) foi divulgada a imagem do buraco negro supermassivo presente no centro de nossa galáxia, Sagitaius A*. Essa imagem é um marco para a ciência, porque só foi possível graças a uma rede de telescópios internacionais, projeto chamado Telescópio de Horizonte de Eventos. A divulgação ocorreu simultaneamente nos Estados Unidos, Chile, Alemanha, México, Japão, China e Taiwan. Veja aqui a apresentação nos Estados Unidos.


Evento de divulgação da imagem do Sagittarius A* - aovivo pelo YouTube

Descoberto em 1974, Sagitarius A* está no centro da Via Láctea, a mais de 26 mil anos-luz da Terra e tem 4 milhões de vezes a massa do nosso Sol e é 18 vezes maior. Isso acontece porque buracos negros possuem muita massa em pouco espaço, causando deformações no tecido do espaço-tempo. Buracos negros são tão fortes que nem a própria luz escapa deles, por isso são tão difíceis de ver e de fotografar.

Mesmo sendo difícil de registrar, Sgr A* não foi o primeiro a ser fotografado. Abril de 2019 foi mostrado o M87*, localizado no centro da galáxia Messier, a 53 milhões de anos-luz e 6,5 milhões de vezes a massa do Sol.

Os dois buracos negros foram observados na mesma época, porém o M87* foi divulgado antes por ter imagens mais nítidas, enquanto o Sgr A* só foi possível agora. Uma das dificuldades foi a grande massa e a aproximação da Terra, porque isso nos  faz ter uma percepção que ele roda muito mais rápido, sendo mais complicado de analisar. “Foi como tentar tirar uma nítida foto de uma criança correndo à noite”, comenta José L. Gómez.



Comparação entre as imagens do buraco negro M87*, revelada ao mundo em 2019, e a do Sagittarius A*, divulgada nesta quinta-feira (12). Crédito: Event Horizon Telescope

A coleta de informações ocorreu em 2017, a divulgação do M87* foi em 2019 e hoje, 12 de maio, a divulgação do SgrA*. Isso se dá pela enorme quantidade de dados e a demora para processar. “Foram precisos tantos dados para a conseguir (a foto) que, se eles fossem impressos em folhas A4, a pilha de papéis chegaria à lua”, explica Thomas P. Krichbaum, cientista envolvido no projeto.

Essas fotos só foram possíveis com a união de 11 telescópios pelo mundo e mais de 300 cientistas trabalhando em conjunto, chamado de técnica interferometria, somando todos os dados acumulados e usando supercomputadores para juntar as informações. As fotos são processamento de dados de radiotelescópios que, quando usados juntos, captam como se tivesse uma antena do tamanho da Terra. Dessa forma é possível produzir imagens que vemos, elas são a sombra do buraco negro nos gases que o rodeiam.