Brasil registrou aumento de 118% nas vendas de bicicletas em 2020
Por Marina Reis
No início da pandemia a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomendou o uso de bicicletas como meio de transporte, por permitir o distanciamento social, isto impulsionou a venda no mundo todo, inclusive no Brasil, em especial no primeiro semestre de 2020, período que parques e academias estavam fechados por medidas sanitárias. O meio de transporte se tornou a melhor alternativa para quem precisava se deslocar, ou via a necessidade de praticar algum esporte, isso por ser um veículo consideravelmente barato, ágil, que traz diversos benefícios a saúde, além de não ser poluente, ou seja, não faz mal ao meio ambiente.
O número de bicicletas produzidas no Brasil em 2020 foi 27,7% inferior ao de 2019. O auge de vendas foi no mês de julho, segundo a Associação Brasileira do Setor de Bicicletas (Aliança Bike), houve um aumento de 118% em relação ao mesmo período do ano anterior, logo depois peças e insumos estavam em falta, 90% deles são importados de países asiáticos, o que influenciou no aumento da produção no polo de Manaus, principal do país.
Mesmo com o valor um tanto mais elevado, a venda de bikes no primeiro trimestre deste ano cresceu 52%, no primeiro semestre o aumento foi de 42,6% em relação ao ano passado, de acordo com dados da Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo), em São Paulo ano passado o aumento foi de 66% em relação ao ano anterior, segundo a Aliança Bike.
De acordo com a Companhia de Engenharia e Trafego (CET), a capital paulista possui 684km de extensão de vias com tratamento cicloviário permanente. O ciclista Ivan ressalta que as condições de ciclovias em São Paulo ainda são precárias e precisam de ajustes:
“Pela quantidade de ciclistas que surgiram na pandemia, por mais que São Paulo tenha muitas ciclovias, ainda não é suficiente. A prefeitura pretende incluir mais 1.420km de ciclovias até 2028. Porém não basta apenas criar, é preciso fazer a manutenção, há diversas irregularidades, buracos, postes e árvores no meio delas, além da falta de iluminação, algumas nem têm sentido, não foram pensadas, não foram planejadas”.
São vários os desafios de quem pedala, entre eles estão o desconhecimento das leis de trânsito, segundo Ivan para dirigir carro é preciso de habilitação, conhecer as leis, frequentar a autoescola, já para bikes não existem estas regras, ele também fala sobre as dificuldades para pedalar em SP, “Além da infraestrutura inadequada, o uso de trem e metrôs com bicicletas é apenas aos domingos, encontrar bicicletários ou estacionamento que aceitam as bikes é complicado demais, nem pagando se consegue”.
Ainda são frequentes os acidentes que envolvem ciclistas, recentemente em São Paulo a morte de Rafael Tofoli, de 45 anos, gerou revolta e resultou em manifestação na Avenida Paulista, os manifestantes em sua maioria eram ciclistas, pediam por justiça e mais segurança, o organizador completa, “Qualquer manifestação faz um diferencial, nossa voz está sendo ouvida, não ficaremos calados, vamos sempre buscar por justiça”.
“Seria importante, deveríamos ter um espaço mais exclusivo ao invés de ficar disputando lugar com carros num lugar tão perigoso, só que independente de ter ou não ter, vamos continuar pedalando por lá, precisa ter mais investimento, bicicleta é o futuro, pode se ver isso lá fora, em outros países.” finaliza o entrevistado.