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Pandemia causa redução no número de doadores de órgãos

Por Icaro Rojo Sartorato

A doação de órgãos é um ato nobre que tem como objetivo reabilitar pacientes, concedendo-os uma nova oportunidade de vida, no entanto, diante da pandemia a resolução de antigos desafios ganhou um grau acentuado de dificuldade


Após o surgimento do coronavírus, até junho de 2020, o Brasil apresentava uma fila de 40740 pacientes aguardando por um transplante, que deve ter um acréscimo, uma vez que segundo dados estatísticos da ABTO (Associação Brasileira de Transplante de Órgãos) a taxa de doadores efetivos caiu 6,5% no primeiro semestre deste ano, em comparação ao mesmo período no ano passado.

Um dos motivos que justificam a queda das doações é a contaminação dos doadores em potencial pelo sars-cov-2, vírus que causa a covid-19 e que oferece claros riscos ao receptor. Dessa forma, de acordo com normas da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo em conjunto com Sistema Nacional de Transplantes (SNT) deve os emissores passem por exames prévios para detectar a presença da doença. Finados que morreram devido à enfermidade ou com suspeitas desta não podem doar tecidos, ou órgãos.

Em entrevista à Jovem Pan, Huygens Garcia (diretor da entidade), explica que o impacto da pandemia limitou os leitos de UTI disponíveis e trouxe complicações quanto à logística, como a redução da malha área a cargo da FAB (Força Aérea Brasileira), ou de companhias aéreas comerciais, o que dificulta o transporte de órgãos com agilidade.

Em outro momento, dentre os inúmeros obstáculos que essa área abrangia, destacava-se a negação das famílias quanto a falta de confiança no serviço público de saúde, causada em parte, pela desinformação dos familiares ao tratar tanto conceitos básicos como morte cerebral quanto a própria dificuldade de aceitação em relação ao óbito do familiar em questão. Pouco mais da metade das pessoas com mortes encefálicas e que possuem a capacidade de transferência de órgãos para pacientes que se encontram em apuros realizam a doação.

Além disso, muitas famílias ainda possuem inseguranças múltiplas quanto à esfera hospitalar, como suspeitas de corrupção e do tráfico ilegal de órgãos, além da descrença quanto às informações passadas pelos médicos. Desse modo, pelo fato de a maior parte das doações virem de doadores falecidos, é importante que o cidadão em vida ressalte que é doador, pois dessa forma é provável que a família siga sua vontade.