O impacto global da Covid-19 na saúde mental das pessoas
Especialistas da
Organização Mundial da Saúde se mostram preocupados com a crise de saúde mental
que se estabelece neste momento em que milhões de pessoas de todo o mundo estão
cercadas pela morte e pela doença e forçadas ao isolamento, além de outros
resultados da pandemia de Covid-19. “O isolamento, o medo, a incerteza, o caos
econômico – todos eles causam ou podem causar sofrimento psicológico”, disse
Devora Kestel, diretora do departamento de saúde mental da OMS.
Imagem: Ilustrativa (Site Folha da Região)
Estudos e pesquisas emergentes mostram o impacto global do novo coronavírus na saúde mental. Psicólogos dizem que as crianças estão ansiosas, e um aumento de casos de depressão e ansiedade foram registrados em vários países. Além disso, a violência doméstica está crescendo, e profissionais de saúde relatam, cada vez mais, a necessidade crescente de apoio psicológico.
Segundo uma pesquisa feita pela internet com quase 12 mil pessoas por cientistas da Unicamp, UFMG e Fiocruz, mais de 50% da população adulta do estado de São Paulo afirma sentir ansiedade ou nervosismo com frequência desde que a pandemia causada pela Covid-19 começou. Para 39% dos entrevistados, sentir-se triste ou deprimido passou a ser algo comum durante a quarentena e quase 30%, que dormiam bem, agora enfrentam problemas de sono. “Um dos objetivos da pesquisa foi avaliar o estado de ânimo dos brasileiros durante o período de isolamento social e os resultados mostram que os jovens (entre 18 e 29 anos) foram os mais afetados, 54,9% com tristeza frequente e 69,7% com ansiedade frequente. Entre os idosos esses percentuais foram, respectivamente, 25% e 31%”, conta Marilisa Barros, professora da Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da Unicamp e coordenadora do estudo ao lado de Célia Landmann Szwarcwald (Fiocruz) e Deborah Carvalho Malta (UFMG). Os dados foram coletados entre os dias 24 de abril e 24 de maio por meio de questionário on-line.
Porém, existem maneiras de amenizar o sentimento de angústia que as pessoas encaram. A psicóloga Camila Carrari Dornelas, de Araçatuba, dá algumas dicas para se distrair durante esse período. “Teremos que nos reinventar. Pensar em atividades possíveis de realização em casa. Vale colocar a leitura em dia, assistir a filmes, realizar atividades físicas em casa, preparar receitas na cozinha, planejar jogos e brincadeiras com as crianças. Fazer algo que te dá prazer, mas que não encontrava tempo na sua rotina anterior”, destaca. No caso de pessoas que costumam ser mais ativas, ela orienta: “algumas pessoas podem sentir mais do que outras. Além de buscar atividades físicas e prazerosas nesse período, criar uma rotina pode ser importante. Vestir-se como nos dias normais, se arrumar, estabelecer alguns horários, tudo isso pode ajudar”, diz. Além disso, a tecnologia pode ser uma boa aliada nesse momento. “Fazer uso de chamadas de vídeo pode ajudar muito a “matar as saudades” dos entes queridos e, sobretudo, uma forma de estar mais presente, principalmente com os idosos e pessoas mais velhas. Essa também pode ser uma boa oportunidade de inseri-los no uso de ferramentas tecnológicas”, finaliza.
Moradores se exercitando nas varandas de seus apartamentos, na Alemanha, em março (Foto por Fabian Bimmer)
Para a psicóloga
Jéssica Luísa Floriano Gomes, também de Araçatuba, durante o período de
quarentena, é muito importante que as pessoas não se desesperem. “Nesse momento
é interessante nos desafiarmos, organizar o tempo e tirar um tempo para si
mesmo. Optem sempre pela tranquilidade, por aquilo que deixa você bem nesse
momento, alguns exemplos: planeje o passo a passo dos seus próximos projetos,
assista seu filme e série preferida, cuide de você, faça aquela receita que
está salva a um tempo no seu celular, explore brincadeiras com seu filho, etc”,
diz.

